Na área da saúde, é preciso ter cuidado quando o assunto é a exposição nas redes sociais. É necessário trabalhar as ações de forma a não prejudicar a credibilidade e imagem profissional. Quando feitas de modo adequado, podem trazer a perspectiva de ótimos resultados. Porém, deve sempre manter um posicionamento correto perante ao meio no qual se insere o profissional em questão.
As novas formas de comunicação e os avanços tecnológicos estão ocupando um importante espaço no exercício da medicina, auxiliando em pesquisas e na própria construção do saber profissional. A internet, por exemplo, vem evoluindo de forma exponencial. E nos beneficiamos muito com o que ela oferece. Mas, você sabe utilizar as facilidades tecnológicas a seu favor? Ou melhor, você sabe utilizá-las e ainda ter cautela para andar dentro das diretrizes da ética médica?
De acordo com uma pesquisa realizada pelo Datafolha, a pedido do Conselho Federal de Medicina (CFM), os médicos são os profissionais em que os brasileiros mais confiam, em 2020, com 35% de aprovação no levantamento realizado entre 15 e 30 de maio.
Entretanto, ao mesmo tempo em que as redes sociais facilitam a divulgação do trabalho e dão força à autoridade dos profissionais, a exposição da vida pessoal pode ser interpretada de forma negativa, visto que o médico é tido como um exemplo de ética e bons hábitos na sociedade. Assim, toda essa admiração pode virar armadilha. Primeiro para os pacientes, que, confiam de olhos fechados num médico, e podem ser enganados por uma bio de Instagram bem elaborada. E depois para os próprios médicos, que acabam virando alvo de críticas.
Exposição nas redes sociais: Boas práticas com ética médica
Ao começar a desenvolver ações nas mídias sociais, lembre-se de seguir às seguintes recomendações:
Página corporativa ou perfil pessoal
Para divulgar sua clínica ou consultório, ou mesmo se quiser manter contato com pacientes, o ideal é ter uma página corporativa, limitada a publicar informações sobre seu funcionamento e serviços. Porém, é preciso estar atento para não ferir as regras do CFM, que vetam autopromoção, consultas, diagnósticos ou prescrições através de aplicativos, bem como a divulgação de métodos ou técnicas não reconhecidos pelo órgão. Assim, você não corre o risco de aborrecer seus amigos com assuntos profissionais nem precisa abrir seu perfil pessoal para pessoas que não são do seu contato íntimo.
Checar veracidade das informações
Independentemente de o perfil ser pessoal ou corporativo, checar se a informação que está compartilhando é verdadeira e ponderar se ela pode ser dita em qualquer ambiente é um bom ponto de partida. Nas redes sociais, publicações inverídicas ou desatualizadas se alastram facilmente, e postar uma informação errônea pode minar sua credibilidade.
Caráter social
Enquanto a publicação de imagens ou detalhes de atendimentos e procedimentos, inclusive o parto, não é permitida, divulgar e denunciar más condições de trabalho está liberado. Compartilhar flagrantes de falta de estrutura e situações insalubres demonstra a preocupação do médico com seu trabalho, a qualidade do atendimento e seus pacientes.
Cuidado com o compartilhamento público
Reserve suas opiniões e experiências particulares para suas páginas pessoais e certifique-se das suas opções de compartilhamento para esses conteúdos. Pontos de vista sobre cultura, esporte, política e, especialmente, procedimentos e condutas médicos não precisam ser postados abertamente. É possível compartilhar estes comentários apenas com as pessoas de seu círculo de amigos e familiares, com quem tenha mais liberdade de diálogo, evitando situações de desconforto ou constrangimento com um paciente ou mesmo um colega com opiniões divergentes.
Evite pessoas de fora do círculo de amizades
Caso seja adicionado por pacientes ou colegas com os quais não tenha muita intimidade, convide-os a adicionar sua página profissional, caso tenha uma. Quanto mais pessoas seguem sua rede social, com mais culturas e formações diferentes é preciso lidar – e respeitar. Além disso, não condiz à relação profissional permitir acesso a conteúdos íntimos, como fotos de férias – especialmente em roupa de banho – ou no bar com os amigos. Muito menos fumando. Por mais que o médico seja um ser humano como outro qualquer, os pacientes não querem vê-lo associados a vícios. Frases comemorando a sexta-feira ou a chegada do feriado também podem ser interpretadas com falta de comprometimento com o trabalho. Reserve a amizade virtual a quem é de fato amigo.
Selfie com pacientes
E postar uma foto com o paciente? Não é recomendável, pois pode haver o entendimento de que fere o princípio da confidencialidade, mas não está proibido. Cada caso é um caso. O profissional pode aceitar tirar selfies com pacientes, numa situação banal, que não configure propaganda de seu trabalho, mas a iniciativa não deve partir dele. E lembre-se: para compartilhar é sempre necessária a autorização do paciente, e não pode conter comentários elogiosos a seu trabalho, para não ferir a resolução do CFM.
Uma dica aos pacientes
Você sabe como pesquisar CRM médico? Esse é o registro mais importante de um profissional de medicina. Afinal, somente pode atuar como médico no Brasil quem é cadastrado em um dos Conselhos Regionais de Medicina. Esses órgãos são responsáveis por conferir toda a documentação apresentada pelo profissional, comprovando que ele cumpre os requisitos exigidos por lei.
É muito importante ter conhecimento sobre especialidades médicas e as exigências do conselho de ética médica. Afinal, isso vai garantir que você escolha um bom profissional.
Para saber se um médico está apto a exercer a profissão, qualquer pessoa pode fazer uma pesquisa no site do Conselho Federal de Medicina ou dos conselhos regionais de medicina (CRMs) de cada Estado (a listagem dos sites está disponível no portal do CFM). Em todos eles há um campo para busca de médicos – é possível procurar pelo CRM (número de registro do profissional no conselho, que consta no carimbo e no receituário do médico), ou apenas pelo nome completo. A pesquisa indica se o registro está ativo ou inativo e, dependendo do caso, se foi cassado. Quando o registro aparece como inativo, há três possibilidades: ou o médico morreu, ou cancelou seu registro (porque mudou de Estado e não quis mantê-lo em duas localidades, por exemplo), ou sofreu penalidade, ou seja, teve o registro suspenso ou cassado.